quarta-feira, 16 de julho de 2008

Anima Mundi 2008 - Panorama 4

Zé Pimpão, o acelera - André Letria (Portugal) - Um filme educativo, que mostra um sujeito que dirige igual a um carioca: costurando, pisando fundo, apostando corrida, tirando onda e desrespeitando tudo e todos. No final atropela um casal e acaba num hospital. Todo realizado em 3D e narrado em versos.

Cahrovaniy Zaporozhets - Nataliya Marchenkova (Ucrânia) - Um curta bem divertido que conta a história de uma sereia que rouba o reflexo de um homem. Muita confusão com navios de guerra, piratas, guerreiros e sereias... um traço engraçado onde os personagens têm contornos que lembram as antigas iluminuras medievais. A animação é simples e até meio gaiata, como quando as sereias dançam.

Wally warning `no monkey` - Harry Flosser (Alemanha) - Engraçadíssimo clipe cujo reggae convida o sisudo mundo dos macacos cinzas a relaxar numa boa... excelente animação de cartum com ótima "pegada" no traço! Computador 2D.

A um segundo do meu fim - Visorama + Marão, Rosaria (Brasil) - Marão é pai, um dos melhores da animação brasileira e Rosaria já está no mesmo caminho há alguns anos. A música da banda Virus é de ótima qualidade, a animação é excelente, mas... não combinou. A melodia é hardcore demais para o traço divertido da dupla. Lápis sobre papel.

Luke: terre ferme - Laurie Thinot (França) - Outro videoclipe, desta vez da banda francesa Luke. Uma seqüência vertiginosa de um homem que cai num abismo quase sem fim. Interessante o visual, mas ouvir pop francês ainda soa estranho aos meus ouvidos! Realizado em computador 2D e 3D.

Maybe - Sam Chou (Canadá) - Por um mundo menos feroz, mais amigo e mais solidário. Tem menos de dois minutos, mas dá o recado em lápis sobre papel.

Ephemeral - Tony Radevski, Jonsu Oh (Austrália) - Animação em 3D de excelente qualidade, sem aquela pasteurização de volumes redondinhos e coloridos, pelo contrário. O visual dos personagens é impressionante, como caricaturas em 3D, com ótimas expressões. A história se passa num velho vagão de trem, onde uma lata de refrigerante vazia corre de lá pra cá conforme o trem pára, anda ou faz curvas. Os passageiros, até então indiferentes uns aos outros, passam a observar a trajetória da lata e daí começam a mostrar que não são tão indiferentes assim. Antes fossem!

27 years - R. Mond (Suíça) - Uma seqüência de fotos 3x4 de um homem, tiradas em uma cabine durante 27 anos, resultando num filme de menos de 2 minutos. Esquisito: é interessante mas é sem graça.

Emily Winter - Manu Molin (Áustria) - Uma criança que tenta a todo custo sair de um mundo que não parece ser o seu. Lembrou muito a animação norueguesa Snill, exibida no Anima Mundi do ano passado, onde uma menininha roda a baiana para se livrar do mundo comportado imposto por seus pais. A diferença é que Emily não consegue voar como Snill. Belíssima animação de bonecos.

It, God - Michael Zauner (Reino Unido) - Um homem cai e, ao juntar seus pedaços, descobre Deus debaixo de sua costela e o guarda sob seu sovaco. Ele parte à procura da casa de Deus, mas como todo o resto (ou o que restou) do mundo, não a encontra. O interessante desta sessão é que as pessoas riam das cenas, mas para mim não havia motivo para isso, apesar de ser ateu. É um filme bem esquisito, realizado em computador 2D.

Mais Anima Mundi

Você consegue ler o texto assinalado na imagem acima? Com certeza que sim. Eu também consigo ler com muita clareza. Só os tiqueteiros do CCBB não conseguem. Parecem desconhecer a norma impressa em todos os tíquetes emitidos para as salas de vídeo e cinema do Centro Cultural. As pessoas podem entrar a qualquer momento no meio da sessão e geralmente entram conversando, com seus celulares iluminando tudo (será que foi por isso que os lanterninhas foram extintos?), com seus sacos de biscoitos e suas garrafas de água, numa total falta de respeito com quem já está sentado e chegou na hora certa. Aliás, a maioria das pessoas que já está sentada e chegou na hora certa também não está muito aí para o item respeito. Elas ligam a luz do celular na tua cara, fotografam mesmo sendo proibido, conversam alto... na verdade só faltam fumar. O brasileiro já aprendeu a fazer cinema há muito tempo. Mas como espectador ainda está na pré-história, como se ainda estivesse se sacudindo e grunhindo ao ver as pinturas rupestres da Grande Sala de Lascaux, em Dordonha, de 20.000 A.C.

domingo, 13 de julho de 2008

Anima Mundi 2008

Conforme vou lembrando vou comentando os filmes exibidos na sessão de abertura do Anima Mundi, ocorrida na quinta-feira, dia 10, na Praça Animada.

OKTAPODI, vários diretores (França) - um thriller de ação envolvendo um casal de polvos apaixonados, separados em seu aquário de amor por um comerciante. O filme só tem 2 minutos e meio de duração, mas é de tirar o fôlego! Todo realizado em 3D. Engraçadíssimo!

sábado, 12 de julho de 2008

Anima Mundi 2008 - curtas 13

Foram sete curtas nesta seção.
1 - S.I.T.E, de Pablo Orlowsky (México) - através do que parece ser uma câmera, com todas aquelas interferências e sons que lembram as imagens da descida do homem na Lua, vemos seres bizarros (humanos e vermes) não muito nítidos que parecem estar em guerra com as máquinas (tanques e aviões). Um visual apocalíptico e futurista, mas não deu pra saber ser era apocalíptico ou futurista! A técnica parecia ser 3D, misturado com filmagens, mas não me agradou.
2 - ANIMADORES, de Allan Sieber (Brasil) - fiel ao nome da produtora, Toscographics, o desenho e a animação são toscos, mas isso aqui é um elogio! Conta a história de uma trupe de animadores de festas infantis que cortam um dobrado para ganhar poucos trocados. O personagem principal ainda sofre por estar vestido de ursinho em pleno metrô! Muita humilhação!
3 - COOK, MUG, COOK, de Jirí Barta (República Tcheca) - uma produção em 3D que lembrou muito R.E.P.E.T.E., de Mikaela Pavlátová. Aliás, eu tive a impressão de que o autor realmente roubou a idéia dela... começa bem, tem um visual bonito, mas estende-se demais e torna-se chato. Não vou dizer que torna-se repetitivo porque a intenção é realmente esta, mas o "plágio" do filme de Mikaela me aborreceu muito.
4 - CASA DE MÁQUINAS, de Maria Leite e Daniel Herthel (Brasil) - uma engenhoca muito bem elaborada (não percebi se era 3D ou animação de objetos e eu acho isso muito legal), onde esferas, catracas, manoplas e fios se movimentam depois de acionados por uma manivela. Só não entendi de onde caem as bolas que iniciam o movimento do conjunto; elas parecem brotar do teto e liberam outras bolas que também "surgem" de dentro de nichos redondos, rolando para a superfície de madeira e "colando-se" nela, meio que sem propósito. As bolas aqui acho que foram os únicos objetos que não fizeram muito sentido na parafernália. Ou talvez eu precise assistir o curta de novo... Fora isso, uma produção muito bem cuidada e com um final que não surpreende muito.
5 - MONSIEUR COK, de Franck Dion (França) - um "senhor da guerra" com um visual impressionante em 3D. Uma fábrica de bombas onde os operários são substituídos por máquinas (se é que podemos chamá-las assim) e depois transformados em soldados. Em suma: você fabrica a bomba, você joga a bomba, você morre com a bomba. O líder dos operários é bem parecido com Stalin e volta para se vingar usando uma foice e um martelo. Muito, muito bom, recomendado!
6 - DE ZWEMLES, de Danny de Vent (Bélgica) - usando uma técnica que parece ser colagem digital misturada com 3D, um menino encontra-se às voltas com seu primeiro dia de natação. Daí rolam algumas confusões e acertos... mas não passa de um dia comum na vida de uma criança. Um belo filme.
7 - DJI VOU VEU VOLTI, de Benoit Feroumont (Bélgica) - um bardo faz de tudo para cantar sob a sacada do quarto de sua amada, até sair no pau com a... legenda! Isso mesmo! Nesta excelente produção em 3D até a legenda em inglês dá show. O final é triste, mas o filme é belíssimo.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Anima Mundi 2008

Começou hoje, dia 11, o Festival Anima Mundi. São mais de 400 filmes participantes, selecionados entre mais de 13o0 enviados de vários países. Por enquanto, os destaques vão para La Maison en Petits Cubes, de Kunio Kato (Japão) e O Despejo ou... Memórias de Gabiru, de Sergio Glenes 2008 (Brasil).

O filme de Sergio Glenes é poesia pura. Ou melhor, música pura, pois foi realizado sobre uma canção de Adoniran Barbosa, "Despejo na favela". Sobre cenários impressionistas, os personagens do filmes movimentam-se pela escola americana de animação e o traço lembra muito o de Péricles. E é isso que causa um impacto visual indescritível. Nunca gostei do Edson Cordeiro, mas tenho que admitir que sua versão da música neste filme é belíssima. Um filme de sonho, maravilhoso, e não há nada de 3D nele!

O curta japonês "La maison..." tem um quê de "O despejo...", pois a técnica (lápis sobre papel) é a mesma, o tratamento da cor os aproximam. Um filme japonês que parece francês e... tem um nome francês! O mergulho do personagem principal em suas memórias é de engolir em seco, é preciso segurar as lágrimas.
Este ano participo do festival com De Ovos e Guarda-Chuvas, na sessão Panorama 5.
Em breve mais postagens sobre o Anima Mundi!